Isolamento social é um termo que me incomoda.
Até ontem, quando o @dolphin_project divulgou esta imagem da orca Lolita sozinha no tanque mais retrógrado dos Estados Unidos, não tinha identificado se a expressão me perturbava como revisora ou como ativista. Mas o que é o português mais adequado perto da solidão dela.
Todos que temos o privilégio de ter um teto estamos na nossa casa. Com nossos pais, filhos, animais, plantas. Podemos ligar, mandar um whats, ver quem a gente ama por vídeo quando quiser. E, seguindo o processo evolutivo que o universo nos impôs, estamos assim por opção.
Agora, ela. Ela não pode ligar para os pais – só para constar, a mãe de Lolita ainda está viva na costa da Islândia, onde ela foi capturada na década de 1970. Ela não pode mandar mensagem para os amigos. Nem na casa dela ela está. E o pior: não por opção dela.
Lolita está sozinha desde o suicídio de seu companheiro de tanque, Hugo, há mais de 30 anos; em cativeiro, há quase 50.
Não estamos socialmente isolados. Estamos fisicamente distantes. E o que é uma #quarentena de dias para promover o bem perto de 50 anos de solidão causada pelo mal.