“Há uma quantidade absurda de crianças morrendo dentro de casa vítimas de bala perdida e há uma naturalização disso.”
Esse é uma dos trechos da reportagem publicada pelo Jornal El País na última quinta-feira, 06 de dezembro, sobre a repercussão do caso do cão brutalmente espancado em uma das lojas da rede de supermercados Carrefour.
El País, deixa eu te contar um segredo: defender os animais não exclui se importar com as pessoas, viu, meu anjo. Inclusive, há ativistas seríssimos que defendem o conceito – absolutamente fundamentado – de que, quando a gente se importa com a vida de um bicho, está diretamente se importando com a vida dos seres humanos.
Existem, sim, milhares de crianças sofrendo maus-tratos neste exato momento. Assim como também há inúmeros cães e gatos sendo envenenados ou levando uma paulada neste exato momento. O imenso destaque ao caso que a sua matéria avalia se deve ao fato de ter acontecido debaixo – e supostamente sob ordem – das fuças de uma grande marca. Com câmeras. Testemunhas. E uma série de comunicados desastrados.
No entanto, como a sua própria reportagem afirma, que “o brasileiro faz pouca reflexão e autocrítica”, te convido a fazer o mesmo com o seu texto e tomar uma atitude sobre.
Seja coerente com o que está afirmando e substitua esta matéria do cachorro brutalmente assassinado por uma sobre a quantidade absurda de crianças morrendo dentro de casa vítimas de bala perdida.
De nada. Porque, sabe como é, né. Às vezes, falta autocrítica.