Foto: Palestra sobre bem-estar animal na E.E. Pascoale Peccicacco
Juro que pensei em fugir.
Crianças são astutas. Persuasivas. Espontaneamente sinceras.
E se eu não conseguisse?
Encarei.
Falei sobre a diferença entre animais domésticos e selvagens. Levei meus assistentes de pelúcia – acho que mais pra eu ter alguém fofo pra abraçar se tudo desse errado do que pra efetivamente me ajudar.
Tentei explicar pra eles o quanto era importante nos colocarmos no lugar do outro – o que só ficou mais claro quando chegamos no slide em que coloquei a foto de uma criança cativa em um zoológico humano na Bélgica, extinto em 1958, em que tribos inteiras eram capturadas e expostas como produto, exatamente como fazemos com os bichos.
Fiquei surpresa com a maturidade de muitos deles quando me falaram sobre a importância da castração e o quanto os funcionários de zoológicos e aquários, apesar de saberem que o cativeiro é errado, se importam com os animais.
Terminei dizendo que cada um deles, independentemente da idade, tinha o poder de mudar o mundo; que mesmo quando eles crescessem e ouvissem que não iam conseguir, pra que se mantivessem firmes no propósito de fazer a diferença que escolheram fazer.
Quando nos despedimos, agradeci a cada um e ouvi dos mais incríveis comentários – desde “obrigado pelo que aprendi hoje, tia Carol” até “você é linda que nem uma youtuber” (risos).
Então, uma menina se aproximou e me fez a pergunta tão caraterística da sagacidade das crianças:
– Tia Carol, como eu vou conseguir mudar o mundo se tem tanta gente ruim nele?
Engoli seco. Abaixei na altura dela e os cinco segundos que demorei pra responder me pareceram cinco anos.
Como a resposta não surgiu do cérebro, soltei a que veio do coração:
– Pense na diferença que você escolheu fazer. E, toda vez que uma pessoa ruim tentar te derrubar, sabe o que você faz? Levante sem pisar nela e siga.
Ela me abraçou forte e seguiu pro mundo que ela quer mudar.