Agosto de 1970.
Cerca de 50 baleias são encurraladas em Penn Cove, Washington, EUA. A Workers for Namu Inc., empresa especializada em “coleta” de orcas, captura 12 filhotes. Entre eles, está Ramu – encomenda do então recém-lançado Windsor Safari Park, localizado em Berkshire, no sudeste da Inglaterra.
Quatro anos depois e muito maior e mais pesado do que o parque esperava que ele ficasse, confinado em uma estrutura não projetada para abrigar uma orca, Ramu começou a apresentar os primeiros sinais de estresse. Mordeu uma modelo cujo nome nunca foi revelado por conta de uma indenização; atacou o seu treinador dentro e fora da água; foi hostil com o príncipe Charles, que chegou a nadar com Ramu e teve a interação interrompida depois que ele começou a demonstrar agressividade – o filho da rainha não percebeu os sinais e nunca foi informado sobre a possibilidade de uma tragédia.
Em 1976, Ramu foi encaminhado para o SeaWorld. A ideia era transformá-lo em um valioso membro do programa de reprodução de orcas cativas. Em março de 1984, foi atacado por duas fêmeas durante uma tentativa forçada de aproximação – parte de sua nadadeira dorsal foi esmagada e teve de ser amputada.
Como se não bastasse, ainda escreveríamos o capítulo de mais desrespeito com sua vida no dia de sua morte. Na manhã de 29 de abril de 1986, Ramu foi encontrado sem vida no tanque – mais tarde, a necropsia revelaria lesões cardiovasculares do tamanho de uma bola de beisebol. Para evitar perguntas e comentários dos visitantes – uma das premissas mais importantes da cultura de omissão do parque -, os treinadores ligaram um irrigador de grama nas costas de Ramu enquanto ele flutuava ao redor da piscina empurrado pelas correntes de circulação. Seu corpo só foi retirado da água à noite, por um guindaste, e levado para esquartejamento depois da autópsia.
Estudo a tristeza de vida dos animais marinhos em cativeiro há quase 10 anos. E só piora.
*Com informações do @dolphin_project.
Foto: Jovana Ivanstanin/flickr.