Quando eu era pequena, meus pais me fizeram a fatídica pergunta do que eu queria ser quando crescesse.
“Esquitora”, respondi, sem ainda nem saber falar, quanto mais escrever.
Sempre quis ser autora de ficção. Queria escrever sobre vampiros que brilham, sobre gente que passa metade da história tomando café da manhã no Leblon ou sobre amores inesquecíveis como Walk to Remember. Mas o universo tinha outra narrativa pra mim.
Ontem, 09, os incêndios no Pantanal mato-grossense, que já devastaram mais de 2,5 milhões de hectares do bioma e já duram quase três meses, chegaram ao Santuário de @elefantesbrasil.
As chamas se alastraram depois de uma tentativa corta-fogo malsucedida em uma propriedade vizinha. Apesar do esforço de bombeiros, brigadistas, vizinhos e funcionários do Santuário, grande parte da vista mais linda que já vi na vida foi queimada.
Maia, Rana, Lady, Mara e Bambi foram encaminhadas pros recintos um, dois e três do Santuário – extensões da área médica que somam dois hectares. Estão bem e se alimentando normalmente, e, graças à relação de confiança que têm com o Santuário, não apresentaram nenhum sinal de estresse ou desconforto.
Foi essa a história que escrevi hoje à tarde, para a imprensa, a pedido da voluntária @simonerhiromoto, que, como uma agente do meu próprio destino, me pediu para escrever.
E diante desta e de outras tantas histórias que escrevi sobre o que fazemos com a nossa casa e com os animais, lembrei do porquê queria escrever ficção: nós, seres humanos, somos mais irresponsáveis, gananciosos e cruéis do que qualquer vilão de novela.