Foto: Marcelo Assunção / TV Globo
Mark Twain escreveu: de todos os animais, o homem é o único que é cruel; é o único que inflige dor pelo prazer de fazê-lo.
Lembrei de quando levei o Ben, então com dois anos, no Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo. Na área dos cães adultos e velhinhos, o tempo de espera de cada um na fila de adoção não deixava ninguém esquecer que a maioria deles partiria sem ter – ou, em alguns casos, nem sequer conhecer – um lar.
Na área dos pit bulls, parte resgatada de maus-tratos, parte abandonada pela agressividade que o próprio “tutor” instigou, a história não tinha um fim menos triste, com uma única diferença: ainda que mínima, cães idosos tinham uma chance, já que estavam disponíveis para adoção; os pit bulls, não. Pela própria segurança deles, que foram treinados por quem mais confiavam para fazer a única coisa que um cão é incapaz de aprender: odiar.
Ao contrário dos 41 seres humanos presos durante a operação desse fim de semana, que acabou com uma das tantas quadrilhas que promovem rinhas de cães por todo o país, que, racionais que supostamente são, escolheram ser o que são. Um deles, inclusive, escolheu ser tão corajoso e feroz, que largou os dois filhos no meio da confusão pra fugir e pediu pra mulher buscá-los na delegacia.
Ao longo da minha jornada como ativista, sempre ouvi que rinha era coisa de macho.
Deve ser mesmo.
De macho cruel e bundão.