A gente quer interagir com eles, chegar perto deles, fazer carinho neles.
No entanto, já parou para pensar se eles querem interagir com a gente, chegar perto da gente, receber carinho da gente?
Os números da indústria do entretenimento com animais selvagens são surpreendentes: de acordo com a World Animal Protection, hoje, existem mais tigres em cativeiro do que na natureza – “só nos Estados Unidos, estima-se que o número de tigres em cativeiro é de 5.000, bem mais do que os 3.200 que ainda vivem na natureza em todo o mundo”.
No Brasil, os resultados da pesquisa Foco na Crueldade: o impacto negativo das selfies com vida silvestre na Amazônia – primeira análise abrangente de atrações turísticas que oferecem diferentes formas de contato direto com a vida silvestre na América Latina – são preocupantes:
Em Manaus, por exemplo, 18 operadoras de turismo oferecem a oportunidade de segurar ou tocar nos animais silvestres em 94% dos passeios – sendo que essa atividade é ativamente encorajada por 77% deles.
O problema desse tipo de passeio vai além das restrições de espaço a que os animais são submetidos. “O repetido manuseio, as condições precárias de bem-estar, a exposição contínua às fotografias com flash e os ambientes não naturais têm um impacto devastador sobre esses animais, que sofrem com estresse, doenças, lesões e até mesmo morte prematura”, ressalta a pesquisa.
Entre jacarés, cobras e botos cor-de-rosa, as preguiças estão no topo da lista de animais silvestres explorados pelo turismo na Amazônia. Na natureza, a expectativa de vida delas é 40 anos; no cativeiro, não sobrevivem mais do seis meses após a captura.
A vida não é mais fácil para espécies maiores. Atualmente, só na África do Sul, existem mais de 7.000 cativeiros comerciais de leões, por exemplo, em que o visitante pode acariciar filhotes e tirar selfies com os animais.
Por isso, acredite: uma foto que vale muitas curtidas para gente, custa uma vida inteira de sofrimento para eles.
* Com informações da World Animal Protection.
Publicação original no Blog Petiko: