Liguei. Conversei com uma mensagem gravada – pasmem, até animada – dizendo que o parque estava fechado por causa da aproximação do furacão Irma.
Não há como enviar mensagem pela página oficial no Facebook, tampouco consegui mandar pelo formulário do site – que, a propósito, não funciona. Tentei pelo Instagram Direct, também sem sucesso.
“Ah, mas eles estão no meio de um furacão”. Bom, alguém fez um post informando que o parque estaria fechado. Um, não. Dois. O primeiro só avisando sobre o fechamento mesmo, sem nem sequer citar quem vive lá. Horas depois, um segundo informativo, desta vez falando que tinham planos pra manter todos em segurança.
Irma deve chegar amanhã. E atingir em cheio o lugar onde Lolita vive em cativeiro há mais de 40 anos – o menor tanque do mundo, alguns preferem chamar.
Em 2005, oito golfinhos do Marine Life Aquarium, em Gulfport, conseguiram sobreviver ao furacão Katrina escapando pro mar – foram capturados três semanas depois, obviamente. E vale dizer que, no total, eram 14 golfinhos vivendo no oceanário, mas só seis foram transportados pra piscinas de hotéis (sim, piscinas de hotéis).
O problema é que Lolita não é uma jovem golfinho. São 47 anos, 44 em cativeiro. E, levando em consideração que cetáceos têm mais dificuldade pra respirar durante fortes tempestades, já que eles não respiram “automaticamente” como a gente, a chance de Lolita sobreviver se o furacão atingir o parque é realmente mínima.
Há anos, ativistas tentam libertar Lolita. Um movimento até mais intenso do que os que eram feitos pra dar um fim de vida digno a Tilikum, a maior da espécie em cativeiro até então, morta no início deste ano. Isso porque Lolita é considerada a orca mais solitária do mundo. Mas o Miami Sea Aquarium nunca quis libertá-la. Nem do cativeiro, nem da solidão.
E claro que, agora, literalmente no olho do furacão, todo mundo vai perguntar: mas o que você quer que eles façam? Eu queria que eles tivessem feito.
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