Minha sócia sempre diz que pareço um idoso rabujento, saudosista e ressentido, que assistiu à Copa de 70 e não se conforma com o futebol atual.
E ela tem toda razão. Do futebol de hoje, reclamo de tudo, não me conformo com nada.
Falta de equilíbrio é falta de equilíbrio, mas me emociono mais com aquela de Óscar Tabárez, técnico do Uruguai, que, aos 71 anos e acometido por uma doença degenerativa, luta com a ajuda de uma bengala pra se manter firme, forte e de pé à beira do campo pra treinar sua equipe.
Choro é choro, mas me emociono mais com aquele do time com a torcida do Panamá.
Vaidade é vaidade, mas me emociono mais com aquela que vem seguida de um “tô deixando o cavanhaque crescer porque tá dando sorte”.
Emoção não se discute, mas informação se absorve. Se você tá emocionado porque a Suécia fez um gol na Alemanha, dê uns gritos, mastigue um amendoim com gosto, faça o que quiser pra externar essas sete mágoas do seu coração, mas não solte fogos.
Nelson Rodrigues disse certa vez, em uma de suas crônicas futebolísticas inteligentíssimas daqueles tempos que não voltam mais, que o videotape era burro.
Sendo assim, soltar fogos em 2018 é tão sem sentido quanto pedir pro árbitro de vídeo confirmar a mão de Deus no gol do Maradona no Mundial de 86.